2022 está sendo dominado pela necessidade de se ajustar a novas realidades, tanto nas áreas remodeladas pela crise (o novo mundo do trabalho, o futuro das viagens) quanto nas tendências mais profundas (mudanças climáticas).
O valor da natureza
As pessoas estão com uma necessidade de se conectar de um modo mais profundo com a natureza.
A antropóloga Natasha Myers criou o termo 'Plantropoceno' para definir uma nova era geológica dominada por plantas e pela natureza. A era plantropoceno marca a relação intrínseca entre plantas e pessoas, cultivando plantas em ambientes internos ou ao menos na varanda de seus apartamentos.
Basta das uma conferida nos pontos de retail, escritórios, hotéis, espaços públicos entre outros e observar a proliferação de verde presente nos mesmo.
As pessoas estão com uma necessidade maior de se conectar de um modo mais profundo com a natureza, e é crescente a presença de arvores, estufas dentro do aproprio lar.
Por outro lado, a percepção da natureza está mudando, à medida que as empresas redefinem o conceito de sustentabilidade em termos de valor monetário.
Organizações, governos e designers estão abordando a crise climática focando em projetos de reflorestamento, regeneração e refaunação.
Uma tendência que começou com os Millenials, que passou pela pantone e sua cor do ano 2017, Greenery e que agora estimula o público geral a tornar a cidade e o planeta mais verdes.
Fibras vegetais
Produzidas por meio de métodos regenerativos, as fibras vegetais vão ganhar importância, no momento em que a indústria fashion quer reduzir a dependência do algodão.
O grupo de fibras vegetais, que inclui linho, cânhamo, rami e juta, é produzido por meio de métodos regenerativos que ajudam o solo a realizar o chamado sequestro de carbono.
O linho puro – uma fibra natural biodegradável – é uma cultura de baixo impacto ambiental, já que precisa de um quinto da quantidade de fertilizante usada pelo algodão, requer menos água e ainda deposita o carbono no solo.
Além disso, o linho é a fibra vegetal mais conhecida – arejado, respirável, durável e com boa absorção –, em alta na indústria da moda devido a sua performance natural e aspecto ecológico. Junto com o linho, o cânhamo vem ganhando terreno entre as marcas jeans, enquanto a juta deve marcar presença nos segmentos de calçados e acessórios.
Limpeza sem água
A água é um recurso cada vez mais escasso em nível global, o que deve impulsionar produtos e rituais de higiene inovadores.
A limpeza sem água reduz o consumo de recursos naturais e se alinha aos estilos de vida pós-pandêmicos. Os novos produtos que dispensam o uso de água ajudam a levar soluções de higiene para 1 em cada 10 pessoas no mundo que não têm acesso a água potável.
Esses produtos fazem parte de uma proposta nova e mais minimalista em relação à higiene pessoal, em que as pessoas procuram tomar banhos mais curtos (lavando apenas regiões mais propensas à criação de odores como axilas, pés, etc.) para reduzir o consumo de água e proteger seu microbioma.
Produtos inovadores, como o Showerless Shampoo, da Swair, limpam sem espuma ou enxágue e economizam até seis galões semanais de água por pessoa, enquanto o Shave Pillow, da Hanni, ajuda a remover pelos de qualquer lugar sem usar água.
Texturas felpudas
A ascensão das técnicas artesanais levou à explosão das texturas felpudas: o #tuftok é um gênero que está se expandindo rápido no TikTok, à medida que as pessoas estão aplicando a técnica em suas próprias roupas.
Alguns varejistas de massa estão incorporando texturas felpudas em almofadas e tapetes, como na parceria entre a H&M África do Sul e Neimil. Essa tendência deve se estender a longo prazo, já que cada vez mais estudantes de moda estão usando essa técnica, tida anteriormente como artesanal.
Tapetes e outros produtos (até mesmo espelhos com moldura felpuda) se alinham a uma tendência de design original e chamativo que atraimillennials e a Geração Z. Essa é uma tendência global, como mostram os produtos felpudos que têm surgido em todos os continentes, e que pode ser adotada em todos os canto da casa – do chão do banheiro, aos braços das cadeiras da sala de estar e à parede da cozinha.
Marcas premium já estão investindo na tendência – confira a parceria Justina Blakeney x Loloi e a nova linha de Peter Saville para a Kvadrat –, mostrando que as texturas felpudas devem continuar dando um toque confortável a todos os tipos de objetos durante os próximos anos.
Beleza fermentada
O desejo por ingredientes potentes e que durem mais está gerando interesse por essa nova tendência de beleza.
Descrita como ʻkombucha para a peleʼ e baseada nos rituais de beleza do Japão e da Coreia do Sul, a fermentação aumenta os 'três pês' do produto – potência, penetração e preservação. Combinando tradição e tecnologia, a fermentação libera enzimas que quebram as moléculas ativas e permitem que elas penetrem melhor na pele, depositando ingredientes poderosos na própria estrutura da pele ou do cabelo.
A fermentação também se alinha a uma tendência mais ampla de beleza holística sustentável e de ingredientes plant-based. Além disso, a fermentação de materiais de origem vegetal, como arroz, cogumelo e chá, gera bactérias benéficas que, naturalmente, aumentam a vida útil de diversos produtos, tornando esse o método ideal para um consumidor preocupado com sustentabilidade e valor agregado de tudo aquilo que compra.
Por Andrea S. Pinto @born_lab